quinta-feira, 29 de junho de 2017

Espumantes brasileiros! Vale a pena conhecer e experimentá-los?



O champagne é o espumante original. A palavra champagne é um derivado da palavra latina campagnia, uma região campestre localizada ao norte de Roma. 

O verdadeiro champagne tem origem exclusivamente na região de Champagne, região situada a 150 quilômetros de Paris. Champagne é um tipo de vinho que só pode levar esse nome se for produzido em sua região de origem, na França, o que vale dizer que nenhum outro espumante pode levar o nome champagne. Em regra, a confusão ocorre quando estamos diante de um vinho visivelmente gaseificado (que tem a presença de CO2). Portanto, aqui cabe a célebre frase: Todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne.
Um dos motivos que elevaram a fama deste vinho foi o fato de que em Reims, cidade mais importante de Champagne, foram coroados quase todos os grandes reis da França. A coroação acontecia na catedral de Notre-Dame de Reims, construída em 1225, e nas comemorações era servido champanhe. Por este motivo, a bebida ficou conhecida como o vinho dos reis.
Champagne era a bebida de Toulouse Lautrec no Folies Bérgere e a guardiã da mesa de Santos Dumont, no Maxims. Foi bebendo Champagne que o Czar Nicolau II esperou o seu destino. 

Surgimento
Aos romanos atribui-se o fato de terem plantado as vinhas na região e a eles se deve o início da produção dos espumantes na França.

Dom Pérignon
Não se sabe quem inventou o Champagne; há várias versões, porém a mais linda é que ele foi criado por Dom Perignon, que era um monge beneditino da Abadia de Hautvillers, entre 1670 e 1715. Diz a história que ao prová-lo ele teria pronunciado a frase imortal: “Venham todos ver, estou bebendo estrelas”. 
Champagnes são produzidos obrigatoriamente à base das uvas chardonnay e pinot noir; podendo também usar a pinot meunier.

Como são produzidos os Champagnes e os espumantes?

Champenoise ou método tradicional 
No método champenoise, após a assemblage, o vinho é posto em garrafas de formato tradicional de espumantes, onde também é inoculado o licor de tirage, uma mistura de leveduras e açúcar que irá produzir uma segunda fermentação do vinho. A garrafa, então, é fechada de forma que os gases dessa nova fermentação não possam escapar. A pressão no interior da garrafa chega a 6 atmosferas (aproximadamente cinco vezes maior que a de uma latinha de Coca-Cola gelada), razão pela qual as garrafas de espumantes são produzidas com vidros mais espessos que as garrafas normais, caso contrário, não suportariam a pressão e estourariam espontaneamente.
Após o fim da segunda fermentação, as leveduras se rompem e iniciam um processo de decomposição, formando borras que se precipitam em direção às paredes da garrafa. Nesse momento, inicia-se o que se chama de autólise: as células das leveduras rompidas em contato com o vinho irão alterar seus aromas e sabores, fornecendo à bebida maior complexidade aromática. Muitos defendem que esse processo, longo e custoso, só faz sentido se o vinho permanecer exposto às leveduras por pelo menos 36 meses. Esse contato é que empresta ao espumante os aromas de fermento, de tostados e de brioche, como nos champanhes. Depois da fase na qual o vinho fica em contato com as leveduras, a garrafa passa pelo processo de remuage, que consiste em colocá-la de cabeça para baixo em um ângulo de 45º, sofrendo rotações de um quarto de volta em intervalos de tempo regulares por cerca de 30 dias, com o intuito de depositar junto ao gargalo da garrafa as borras que o processo gerou. Passado esse tempo, o gargalo é mergulhado em solução de congelamento rápido para que as borras se solidifiquem, quando então a garrafa é aberta e as borras são expulsas para fora da garrafa pela pressão do dióxido de carbono criado no processo. Na sequência, é inoculado na garrafa o licor de expedição, determinante do grau de açúcar do espumante e, consequentemente, se ele será um Nature, Extra Brut, Brut, Demi, etc. Só então a garrafa será fechada com sua rolha e capsula definitivas, passando ainda um determinado tempo nas caves antes de sua comercialização.
A grande vantagem do método champenoise é na qualidade final da bebida. O longo período em contato com as leveduras garante maior complexidade de aromas e no paladar. Sua principal desvantagem é o custo. Por esse processo, o vinho obrigatoriamente ficará maior tempo parado na adega, sem gerar receita, além de demandar maior mão de obra ao longo de todo o processo.
Na França todo Champagne deve ser Champenoise.

Método Charmat 
No método charmat, não há a segunda fermentação em garrafa, mas sim em um grande tanque de aço inox, hermeticamente fechado. Após a segunda fermentação nesses tanques, o vinho passa por uma filtragem e é então engarrafado, em geral sem que permaneça longos períodos em contato com as leveduras que ficaram no interior dos tanques.
A principal vantagem desse método é o tempo de elaboração do espumante, que é bem mais curto que no champenoise. A produção em tanques também demanda menor uso de mão-de-obra e, consequentemente, o custo é menor, resultando em espumantes de preço mais acessíveis. Embora, normalmente, esse processo contribua para que o produto final tenha menor complexidade, alguns argumentam que ele pode ressaltar os aromas mais frutados e florais do espumante. Essa seria, por exemplo, uma das razões pela qual a grande maioria dos Proseccos são elaborados pelo método charmat. Existem uns poucos espumantes da uva Prosecco produzidos no método champenoise - um deles, aliás, no Brasil, elaborado pela Casa Valduga.
Do lado das desvantagens desse método, o produto final perde em complexidade e corpo, como já foi dito. Em geral, eles são vinhos mais leves e frescos, que devem ser bebidos jovens, podendo ser apreciados de maneira mais descompromissada, acompanhando entradas e petiscos. 

Método Asti
O método Asti, batizado assim pelo vinho espumante de característica mais adocicada produzido na região de mesmo nome, consiste em uma única fermentação em tanques de aço inox (autoclaves) mas com controle de pressão e de produção de álcool. Os Asti têm sua fermentação interrompida quando atingem um volume alcoólico entre 6 e 9%, permanecendo no mosto do vinho uma boa quantidade de açúcar natural da uva. O vinho é, então, resfriado e filtrado antes de ser engarrafado. A fermentação mais branda e o controle de temperaturas mais baixas ao longo do processo permitem que os aromas florais e frutados da uva Moscato sejam preservados nesse espumante doce. Diferentemente do que muitos pensam, os Asti estão longe de ser vinhos menores. Os grandes Asti são cremosos na boca, delicados e de aromas encantadores.

Brut, Extra Brut, Demi-sec, etc....
Existe nos espumantes uma escala definida para suavidade e doçura, e que pode ser muito útil para você, de acordo com o seu paladar, na compra do seu próximo espumante:
 Brut nature: de 0 a 3 gramas de açúcar residual por litro, sem adição de licor de expedição
 Extra brut: com menos de 6 gramas de açúcar por litro
 Brut: de 6 a 15 gramas de açúcar por litro
 Extrasseco: de 12 a 20 gramas de açúcar por litro
 Seco: de 17 a 35 gramas de açúcar por litro
 Semisseco ou demi-sec: de 35 a 50 gramas de açúcar por litro
 Doce, dulce ou doux: mais de 50 gramas de açúcar por litro

Conheça alguns tipos de espumantes ao redor do mundo:
Espumante (ou sparkling wine) – Segue o mesmo processo de fabricação do Champagne, recebendo o nome de espumante por não ter sido produzido na região francesa de Champagne. Só pode ser chamado de Champagne o fermentado de uva que for produzido na região. 
Cava - É o espumante produzido na Espanha, na região da Catalunha e de Penedés, onde são produzidos quase todo o vinho espanhol. A região é costeira, com um clima mediterrâneo bastante suave, tendo influência do clima subcontinental do norte. As videiras ali cultivadas trazem um sabor adocicado todo próprio, por estarem localizadas mais próximas à costa marítima, em altitudes que não superam os 200 metros acima do nível do mar.
Lambrusco – É um vinho frisante produzido a partir da uva lambrusco. É um vinho jovem, doce, originário da região da Emilia Romagna, na Itália. O vinho frisante é um produto com pouco gás carbônico, que é produzido naturalmente do processo de fermentação da uva, tendo praticamente a metade do gás carbônico encontrado nos espumantes. O frisante fermenta somente uma vez e é a partir dessa única fermentação que é produzido o gás carbônico.
Prosecco – a princípio, prosecco era um tipo de uva nativa da Itália. Há pouco tempo, transformou-se na nomenclatura de todo vinho efervescente produzido na região italiana de Vêneto. Diferentemente dos champagnes e dos cavas, os proseccos são elaborados pelo método charmat, onde a segunda fermentação ocorre em grandes tanques de aço inox e não na própria garrafa. Alguns espumantes brasileiros conseguiram manter o direito de usar o nome Prosecco em seus rótulos por já produzirem às bebidas há muito tempo. 
Sidra – A sidra é uma bebida preparada com sumo fermentado de maçã ou da pera. Os seus maiores produtores são Inglaterra, Irlanda e França.
Sekt - É o vinho espumante originário da Alemanha, que possui uma doçura típica da fruta com que foi produzido. O sekt de tipo seco é chamado de trocken.

Servindo o Espumante:
Recomenda-se gelar o espumante no balde de gelo, pois a diminuição gradativa da temperatura preserva a qualidade da bebida. Após 30 minutos no balde de gelo ponha a garrafa de cabeça para baixo, permitindo desta forma que a rolha retraia ao estar em contato com a água gelada; isto facilitará no momento de abrir a garrafa. Após 45 minutos no balde de gelo seu espumante estará prontinho para ser servido. NUNCA AGITE A GARRAFA de um Espumante. Ao retirar a rolha, faça-o girando-a devagar, use um pano para evitar que a mão escorregue na garrafa; deixe a agitação da garrafa e as explosões para os campeões de Fórmula I; pois a abertura rápida da garrafa provoca perda de líquido e principalmente de gás.
Na escolha da taça, procure usar uma flute, de forma fina e alongada, que permite um lento e longo borbulhar. A taça larga e rasa de Champagne, muito presente na cristaleira da Vovó, não tem nenhum fundamento técnico. Diz a lenda que elas foram moldadas nos seios de Maria Antonieta; portanto deixemos os seios de Maria Antonieta de lado e vamos retomar à bebida.
Dica: Toma-se Champagne gelado, recomenda-se a 6º C. A quantidade de gás contido num líquido é inversamente proporcional à temperatura, isto é, quanto mais frio mais gás; portanto quando o espumante frio bate na taça quente, há uma liberação súbita de calor, o líquido cresce (expande), transborda e perde o gás. Recomenda-se, portanto, esfriar previamente a taça, o que pode ser feito derramando um pouco da água gelada do balde que resfriou o espumante, na(s) taça(s) em que será(ão) servida(s).  

Melhores Champagnes e Espumantes:
Os melhores champagnes franceses são: Dom Perignon, Moet Chandon, Veuve Clicquot, Krug, Roederer, Mumm, Bollinger entre outros.

Espumantes Brasileiros: Acessíveis e cada vez melhores!
A produção de vinhos no Brasil começou em 1532, mas apenas em 1915 nasciam os espumantes brasileiros, com a fundação da vinícola Armando Peterlongo. Felizmente o povo brasileiro está começando a reconhecer a qualidade dos espumantes nacionais. Todos aqueles que gostam um pouco de vinho já sabem que os espumantes brasileiros tiveram um incrível aumento de qualidade e atualmente muitos produtores tem obtido destaque em concursos nacionais e internacionais.                                                                                                             
E o reconhecimento não é só interno, não. Vários especialistas do mundo estão reconhecendo a qualidade dos espumantes brasileiros. Exemplo disso foi a frase dita por Steven Spurrier, famoso critico de vinhos, inglês, em um evento sobre espumantes do hemisfério Sul: “Vocês não precisam de Champagne. O Brasil tem seus próprios espumantes para beber”.      

Serra Gaúcha - RS
Se existe uma região no país que pode se considerar a “terra dos espumantes”, é a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. O motivo? Claro que o clima e o terroir ajudam muito na elaboração dos espumantes, já que a região é alta, tem boa drenagem e exposição solar. Esta parte do Brasil, em particular, possui condições climáticas bem favoráveis para a elaboração de vinhos-base para espumantes, e também demonstra manter uma linear de qualidade com o tempo. O clima é temperado, com verões amenos e úmidos, e a temperatura média é de 17ºC.  Não só a Serra Gaúcha produz espumantes de qualidade, mas também Santa Catarina e Pernambuco. O Nordeste também produz espumantes famosos de alta qualidade. Mesmo sendo dois terroirs tão distintos, o Vale de São Francisco, situado entre os territórios pernambucano e baiano, possui, obviamente, um clima excessivamente quente e semi-árido, ideal para a elaboração de espumantes mais cremosos. Na região nordeste alguns espumantes da uva moscatel estão tendo boa aceitação.

Paraná - Terra de espumante, sim senhor!
Há quem diga que Curitiba é uma mini Europa; posso até concordar e a cada dia somos mais apaixonados por ela. Em nossa última visita a esta bela cidade fomos até o município de Piraquara, que fica a aproximadamente 30 km de Curitiba. Objetivo: Conhecer a Cave Colinas de Pedra. Até então nunca tinha ouvido falar deste lugar; porém lá chegando tivemos a sensação de termos embarcado em um “túnel do tempo”. Instalado junto a um túnel desativado da antiga estação Roça Nova, o complexo turístico possui uma estrutura de primeiro mundo para atender turistas e visitantes ávidos por uma experiência única e fascinante; é um empreendimento com características únicas, que abriga em um mesmo local a exuberância da mata atlântica, parte da história da centenária estrada de ferro Curitiba/Paranaguá, além de boa gastronomia e degustação de vinho espumante.

A principal atração é o túnel colonial; este foi construído em 1883, por ordem do Imperador D. Pedro II, ficando desativado e sem serventia por muitos anos.        Este túnel agora, devidamente adaptado, abriga uma cave para envelhecimento de vinho espumante natural. Neste túnel, as garrafas permanecem no mínimo de dois anos para maturação. Em seu interior é mantida uma temperatura média anual de 16ºC e uma umidade relativa do ar em torno dos 90%; os ventos que circulam naturalmente conferem uma renovação de ar perfeita. Esse conjunto de fatores naturais são ideais para uma cave de envelhecimento de espumantes, apenso ao fato de não haver consumo de energia elétrica. A entrada do túnel, cercada de mata atlântica, habita o imaginário de quem já assistiu a um filme do Indiana Jones; é de tirar o fôlego! Debaixo de plantas suspensas e pingos de água gelada que caem das pedras seguimos para embarcar em uma plataforma elétrica que nos levará à Cave num trajeto de 154 metros. 

O túnel possui extensão de 429 metros, com 5 metros de altura e 3,5 metros de largura. As duas portas internas, no espaço da cave, são portas do tipo “cofre forte”, ambas de alta resistência. A capacidade de armazenamento é de 50.000 garrafas, porém existe uma cave reserva, podendo elevar esse número para até 500.000 garrafas. A primeira fase de elaboração do espumante é feita na Cave Geisse, localizada em Pinto Bandeira no Rio Grande do Sul, pelo método Champenoise. Em seguida estes vinhos espumantes seguem em caminhões refrigerados até Piraquara, onde na Cave irão ocorrer os seguintes processos: Guarda, maturação (autólise), rèmuage (Decantação), dégorgement (Separação das impurezas), adição do licor de expedição, rolha, gaiola e rotulagem. 
Degustamos um Nature com 80% de uva Chardonnay e 20% de Pinot Noir.    
O Nature é um método que Não possui adição de açúcar, proporcionando uma degustação com destaque dos seus aromas naturais.

Em seguida degustamos um Rosé 100% Pinot Noir com perlage fino e persistente.


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